Boa Vista em dois "tempos": Ao longo dos tempos, a cidade tem passado por uma série de transformações que hoje a tornam um dos melhores lugares para se viver |FOTOS: Arquivo/J. Pavani |
Quando passou por aqui, no início do século passado, o escritor, poeta
e jornalista Joaquim Gondim de Albuquerque Lins denominou Boa Vista como uma
cidade feia, sem graça, atrasada e que não apresentava qualquer atrativo. Suas
considerações a respeito não apenas da cidade, mas como de todos os lugares por
onde passou na ocasião ficaram registrados em sua obra “Através do Amazonas – Impressões de viagens realizadas em 1921”.
Hoje, no alto de seus 131 anos, Boa Vista daria uma impressão bastante
diferente ao escritor memorialista. A cidade ostenta uma beleza incomparável,
com ruas largas e limpas, trânsito organizado e uma série de atrativos
turísticos e de lazer que encantam todos os que por aqui passam e escolheram
aqui viver.
Como tudo começou
Sede da Fazenda Boa Vista, que deu origem à capital de Roraima. Atualmente é onde funciona o restaurante "Meu Cantinho" (ao fundo, a Igreja Matriz)
A região onde hoje predomina o Estado de Roraima começou a ser
explorada em meados do século XVIII, com a construção do Forte São Joaquim –
uma tentativa do governo português de conter as ameaças de invasão holandesas,
inglesas e espanholas.
Há cerca de 30 quilômetros do forte, foi fundada em 1830 a Fazenda BoaVista, pelo capitão cearense Inácio Lopes de Magalhães, que era ex-comandante
do Forte de São Joaquim e que antes já tinha passado pelas cidades de Belém e
Manaus.
Ao redor da Fazenda Boa Vista, começou a surgir o povoado que logo se chamaria Freguesia de Nossa Senhora do Carmo (novembro de 1858), quando a região ainda fazia parte da Província do Amazonas. Em 1887, o povoado foi elevado à condição de Vila de Boa Vista do Rio Branco.
Com a criação do Território Federal de Roraima, em 1940, a cidade foi
escolhida para ser a capital. No
entanto, as dimensões e infraestrutura da cidade não garantiam as condições
necessárias para o status de uma capital. E para isso, em 1944 foi proposto o Plano Quinquenal Territorial, com
objetivo de elaborar um plano diretor para a nova cidade.
E após concorrência pública, a empresa comandada pelo engenheiro civil
Darcy Aleixo Derenusson foi a escolhida para a execução do projeto, o que
aconteceu apenas a partir de 1946. O plano tinha a previsão para
atingir sua ocupação total em 25 anos. Na época, a cidade contava com cerca de
1.800 habitantes e apenas 20 quadras irregulares.
“Quando são criados os territórios federais, o único governo que
contrata uma empresa para planejar a capital é o Rio Branco, como aqui era
denominado na época. Todas as demais tinham um traço de uma visão tecnocrática
e conservadora, por conta da ditadura existente na época. E Boa Vista se difere
de tudo isso, pois aqui é criado esse nosso traçado característico em forma de
leque, com avenidas largas, numa época em que não havia mais que oito
automóveis. E isso de uma forma que não foi preciso demolir nenhuma casa”,
conta o historiador André Fonseca.
Prof. André Fonseca, historiador |FOTO: Giovani Oliveira |
"BV" já foi eleita a 5ª
melhor capital em qualidade de vida, pela Revista Bula e a 6ª melhor capital em prática de esportes,
segundo a Pesquisa "Vigilância de fatores de risco e proteção de doenças
crônicas por inquérito telefônico" (Vigitel), do Ministério da Saúde).
Também a 11ª melhor capital para criar
filhos (Revista Exame) e esteve entre as 26 cidades mais felizes do Brasil, também segundo pesquisa da
Revista Bula.
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