LILITH CAIRÚ| Da Amazônia para Caxias do Sul, cineasta indígena é destaque no 1º Festival LABmais

Da etnia wapichana, a jovem apresentará um pouco de sua vivência como atriz, roteirista, editora e diretora de cinema |FOTO: Divulgação/LABMais


Aos 27 anos e com uma carreira sólida no audiovisual, a atriz e cineasta roraimense Lilith Cairú foi convidada para o 1º Festival LABmais - Laboratório Sesc de Artes, Mídias, Tecnologias e Juventudes, que começou hoje (4) e segue até sábado (6), em Caxias do Sul (RS). Na ocasião, a jovem indígena da etnia wapichana apresentará um pouco de sua vivência como atriz, roteirista, editora e diretora de cinema.

Lilith participará do painel “Corre, mas corre pra onde? Sevirologia, formalização e os desafios do trabalho na cultura”, onde será discutido o potencial das profissões do setor cultural e os mecanismos para ajudar os jovens a vencer a informalidade. O encontro reunirá jovens de 17 estados que, em participam do LABmais, projeto criado pelo Sesc com foco no trabalho com juventudes, protagonistas da produção e difusão de conteúdo.

“Esse evento significa muita coisa para mim, sendo a continuação do projeto que começou há muito tempo, lá em 2021, e vem rendendo frutos e boas histórias até hoje, junto à minha carreira de cineasta. O que compensa, às vezes, ver que também os meus projetos e as minhas artes têm algum valor, dentro e fora de Roraima”, comentou.

A cineasta foi uma das alunas do LABmais, mas sua começou a desenvolver sua arte com 17 anos, quando produziu seu primeiro curta-metragem de forma amadora. Apenas em 2021, que ela teve acesso a equipamentos e formação que ampliaram sua atuação como artista, por meio do LabMais. Desde então, são mais de 15 curtas produzidos, roteirizados, dirigidos e estrelados, abordando diversos temas como homofobia, identidade indígena, violência no trânsito e relações familiares.

“Levo na ‘bagagem’ para Caxias do Sul toda essa minha trajetória como cineasta desde 2017 até agora, com projetos que estão pendentes aí para ser lançados, por exemplo, mas também outros projetos que tiveram muita dificuldade para saírem do papel. E eu vou contar um pouco sobre isso também, sobre como os projetos não podem ficar apenas no campo das ideias”, ressaltou.

Lilith: "Levo na ‘bagagem’ para Caxias do Sul toda essa minha trajetória como cineasta desde 2017 até agora" |FOTO: Arquivo Pessoal


Entre os mais recentes trabalhos de Lilith é o curto “Fuga”, cujo teaser trailer foi lançado esta semana e que tem a jovem como protagonista. Produzido pela arraia.br e dirigido por Aldenor Pimentel, o filme apresenta Duda (Lilith), que ao desembarcar no aeroporto de Boa Vista, passa a sofrer uma misteriosa perseguição. Para a atriz, o filme é um dos grandes marcos de sua carreira, além de ter um significado emocional mais profundo, pois foi o último trabalho de seu amigo Anderson Nascimento, que morreu logo após as gravações, vítima de acidente de trânsito.

“Fuga é um dos maiores projetos que eu já participei. Sendo a protagonista, então, e não apenas atrás das câmeras, a experiência foi incrível. E eu sei que a galera está bastante animada para ver. Tem gente que me manda mensagem no Instagram perguntando e às vezes as pessoas param e perguntam sobre o filme, como é que vai ser e tudo mais. E também tem aquele ‘coraçãozinho quentinho’ na esperança de ver também o Anderson, nosso amigo que, infelizmente, veio a falecer, mas nosso último projeto junto foi esse filme. Então, ele tem um valor muito maior. É mais que simplesmente um curta-metragem. É um pedaço da história que a gente guarda com carinho de lembrança também”.

A atriz no set de "Fuga", filme dirigido por Aldenor Pimentel e que tem ela como protagonista |FOTO: Divulgação/arraia.br


  • Para acompanhar o trabalho de Lilith, basta seguir o perfil no Instagram: @lilithcairu


O evento — O Festival LABmais 2025 tem como tema "Entre corres e conexões: o que sustenta as juventudes?". Por meio de oficinas, painéis e performances artísticas, os jovens, que também participaram da construção da programação do evento, poderão colocar em pauta questões como comunicação e o respeito ao coletivo e uma produção cultural mais diversa.

LABmais — Projeto do Serviço Social da Comércio (Sesc), o LABmais ocorre em 17 estados e forma jovens para o desenvolvimento de diferentes conteúdos, como podcasts, filmes, clipes, ensaios fotográficos, book trailers e muitos outros processos artísticos na área da cultura, sempre em sintonia com tecnologias de interação midiática comuns a essa geração.

O projeto é desenvolvido no Acre, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, São Paulo, Pará, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe, tendo como foco o trabalho com as juventudes.

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