"DEVANEIOS DE UMA ASSESSORA JURÍDICA"| Filme de Franciany Veras aborda o sistema prisional de forma humanizada

Cena do filme, gravado em Boa Vista: pré-estreia marcada para 23 de novembro |FOTO: Divulgação

Um olhar atento e humano a quem está privado de liberdade. Essa é a proposta do curta-metragem “Devaneios de uma Assessora Jurídica”, um quase filme biográfico da atriz, advogada e economista Franciany Veras que lança luz sobre um problema social polêmico: o sistema prisional. A obra está na fase final de pós-produção, com pré-estreia marcada para 23 de novembro, no Teatro Municipal de Boa Vista.

O filme é baseado no livro de mesmo nome escrito por Franciany durante a pandemia de covid-19, com base em sua experiência ao longo de cinco anos como assessora jurídica na área de execução penal em uma defensoria pública. A obra reúne contos, onde ela recorda os atendimentos que fez e as histórias de vidas das famílias em questão.

“Escrever foi uma forma de refúgio que encontrei durante a pandemia. A princípio, queria escrever, mas não sabia sobre o que. Foi quando comecei a recordar os atendimentos que realizei no meu trabalho e percebi que é um tema desconhecido por grande parte da sociedade. Em meu trabalho na Defensoria vivi e presenciei muitos acontecimentos que mesmo quem é do mundo jurídico desconhece e isso chamou a minha atenção”, disse.

Percebendo a temática abrangente em mãos, viu que seria uma boa ideia ampliar o alcance, entrando na linguagem do cinema. Assim, por meio da Lei Paulo Gustavo de incentivo à cultura, teve o projeto aprovado.

“Assim como o livro, o filme não traz o lado jurídico de uma execução penal, mas sim a vida e o cotidiano de quem cumpre a pena ou de quem tem um familiar privado de liberdade. O roteiro do é 100% baseado em fatos, devido a essa minha experiência profissional. Achei que era relevante mostrar para a sociedade e para o mundo jurídico que existe o outro lado na execução penal, que não se resume apenas no indivíduo ficar atrás das grandes cumprindo uma pena”.

Franciany afirma que as gravações transcorreram de modo tranquilo quanto ao tema abordado. Para a formação da equipe de produção ocorreram reuniões para explicar sobre a execução penal, cumprimento de pena, o papel da família e da sociedade. Todo esse trabalho para promover a conscientização sobre o tema. Quanto aos atores, todos abraçaram seus personagens".

Franciany Veras em cena: "Que este trabalho leve a sociedade a uma autorreflexão sobre a função do sistema penal brasileiro"

A cineasta ressalta que a proposta é que o filme desperte nas pessoas esse olhar humano e sensível, com menos preconceito em relação às pessoas privadas de liberdade e suas famílias.

“A razão e a emoção são desafiadoras em nossas vidas. Elas sempre nos colocam em prova. Que este curta-metragem desperte nas pessoas um novo olhar. É saber que com uma palavra, um gesto podemos mudar o dia ou até mesmo a vida de uma pessoa. Que este trabalho leve a sociedade a uma autorreflexão sobre a função do sistema penal brasileiro, seu impacto no indivíduo, nos familiares e na comunidade. Que se desperte para a importância de se desenvolver ações que de fato ressocialize e reeduque quem cumpre pena”.

A autora — Franciany Veras é roraimense, economista e advogada, sempre envolvida com a arte. Em 1998, fez parte de um grupo de dança chamado “Chiquititas Roraimenses”. Já em 2006, apresentou o programa infantil “Total Kids”, na antiga TV Boa Vista (afiliada à Rede TV!).

Em 2012, fez parte da produção de “Bromance”, filme do diretor roraimense Thiago Sardenberg. Em 2013, participou da peça “Peter Pan” e, no mesmo ano, montou o próprio espetáculo, “E agora, faz de conta?”. No ano seguinte, dirigiu o curta-metragem “Palhaços também choram”.

Em 2023, lançou o livro “Devaneios de uma Assessora Jurídica”, que serviu de base o curta-metragem de mesmo nome. Já em março de 2025, apresentou o espetáculo infantil “E agora, vamos resgatar o tesouro?”.